O Sono do Amor

Não acorde o amor
Deixe-o adormecido
Se despertado, pode afligir-me
A aflição desperta o destempero...
O amor aperta o peito
Pois precisa ser dividido
Se não há que levar a metade
Melhor que fique encolhido...
Deitado no peito tranquilo
Encolhe-se feito menino
Não chora, não grita, não se irrita
Permanece quieto e escondido...
Mas se alguém despertar o amor
Que leve uma parte consigo
Porque não há espaço no peito
Para um amor desperto e faminto...
Também não há que roubar-lhe  inteiro
Pois preciso da minha parte
Ou deixa-o dormindo

Ou leve a sua metade... Hércules de Souza Víler – Poeta Moderno

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