Chapeuzinho Vermelho - um conto policial (os tipos penais praticados pelo Sr. Lobo Mau)

A vítima é conhecida pela alcunha derivada de suas vestes ornamentais rubras,  sem uma definição clara na parte mais ao sul do planeta, trajando-se sempre com aquela vestimenta - meio burca, meio manto, meio roupão - que o vulgo optou chamar de chapéu ou chapeuzinho; saiu pela floresta sozinha (acostada na lei vigente como abandono de incapaz, por ser ela menor de idade e o local ser de certa periculosidade), sim, cantava ela alheia, visto que não se percebia sinal razoável de telefonia móvel, Chapeuzinho Vermelho entra na casa da sua avó e demonstra uma observação feminina, peculiar às meninas da sua idade - uma adolescente, diria eu...
Percebendo algumas mudanças bastante salientes  naquela velhinha...
Eis que Chapeuzinho interpela a imagem desfigurada da sua vovozinha...
- dado ao volume que ocupava a cama -
- por que  globos oculares  tão avantajados?
- por que pavilhões auditivos desproporcionais e peludos?
- por que cavidade oral análoga à do tubarão?
E o quadrúpede canino responde à última indagação  com vilipêndio completo da norma culta da língua portuguesa: 
- "é pra te cumê"...
Chapeuzinho Vermelho, indignada pela invasão de domicílio, falsidade ideológica, tentativa de homicídio (QUALIFICADO - comprovado pela premeditação - e AGRAVADO pela emboscada ) e PRINCIPALMENTE porque fora a primeira vítima a gramática, esta última sem tipificação na lei penal brasileira, porém sem escusas aos ouvidos e olhos dos brasileiros, principalmente aqueles que honraram uma das únicas e boas heranças lusitanas, a língua...
Chapeuzinho Vermelho se sentiu duplamente ofendida...
primeiramente, pela violação dos seus direitos e de sua ascendente...
 por último, por não ser reconhecida, pelo agressor, ao menos como o homem mediano de Nelson Hungria, quando o Lobo entendeu que vestindo uma "lingerie" da terceira idade, sem o mínimo de cuidado com a depilação, seria capaz de induzir a erro Chapeuzinho.
A menina sai correndo  da casa , liga 190, a polícia faz a prisão em flagrante delito e aciona o conselho tutelar, uma vez que nem avó (desaparecida até o momento), nem os pais foram encontrados para acompanhá-la na delegacia.
Sobre a ofensa à língua portuguesa, não houve testemunha, tampouco figura típica para o enquadramento, mas a vítima foi orientada a entrar com uma ação na Academia Brasileira de Letras, tão logo os seus genitores ou responsável legal sejam encontrados.
Registro para futuros fins. Hércules de Souza Viler


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